Estamos no ano internacional da biodiversidade. O animal símbolo da cidade de São Paulo será escolhido no mês de outubro. Quem quiser votar é só entrar no site: http://biodiversidade.prefeitura.sp.gov.br/FormsPublic/home.aspx
Aborto, pedofilia, anfetaminas, Gomorra e Passione, muuuita Passione. Só mesmo Silvio de Abreu com sua perspicácia e audácia para juntar todos estes ingredientes em mais uma de suas bem arquitetadas novelas. Já era sua fã desde a novela "A Próxima Vítima", de 1995. Só um autor como ele para nos envolver em suas tramas, a ponto de, no final da novela, as pessoas fazerem um bolão para desvendar quem era o assassino. Isso é algo tão brilhante e mágico que a impressão que dá é que quando assistimos às suas novelas estamos reunidos na sala de casa jogando jogos de tabuleiro. E é tão prazeirozo!
Mas hoje vim aqui pra falar que, além de tudo isso, ele ainda arruma brechas para homenagear atores de uma maneira tão sutil que abrilhanta e impressiona. Foi o que aconteceu no Capítulo 17 da novela Passione exibido no dia 4 de junho. Saulo (Werner Schünemann) está na sala da presidência conversando com sua mãe, a Beth (Fernanda Montenegro, um monstro na arte da interpretação) e, com um ar de Dom Corleone (aí está a homenagem) começa a imaginar como seria seu meio irmão Totó (Tony Ramos), que vive na Itália. Ele o visualiza como um mafioso que ameaça Eugênio (Mauro Mendonça), seu "pai" falecido no primeiro capítulo. E a homenagem parte dos cacoetes que Marlon Brando fenomenalmente inventou para criar a sua personagem no cinema. Saulo faz do irmão que nem conhece, um mafioso, imitando Dom Corleone, o padrinho, "The Godfather" mais conhecido do cinema hollywoodiano. Segue abaixo a cena a partir dos 47 segundos:
Era uma vez um garotinho chamado sem migo. Era um menino muito sozinho e sem amigos. Sempre que alguém perguntava a ele se tinha amigos ele dizia – Sem migo, apenas! É o meu único amigo. Um belo dia ele estava passeando pelo seu bairro e havia uns meninos jogando bola. Um deles chutou a bola na direção de sem migo. Ele ficou sem reação. E os meninos gritavam: - Ei, menino, chuta de volta pra cá! Você quer jogar bola com a gente? E sem migo saiu correndo assustado e assim, perdeu mais uma oportunidade de fazer amizades e de brincar. Triste sentou-se num banquinho para tomar um sorvete e percebeu um movimento esquisito na sua língua. Parecia que ela queria dizer algo a sem migo e então, algo aconteceu: a sua língua começou a conversar com ele e dizia assim: - Com amigos! Com amigos! Comigo! Comigo! Brinca comigo, brinca! E o menino repetia: - O meu nome é Sem migo, dona língua. E a língua foi educando o menino a falar: Comigo! Pronto: foi assim que sem migo foi abandonado para sempre e o nome do menino foi trocado no cartório da Língua Portuguesa por Comigo. Ele ganhou muitos amigos e simpatizantes com seu novo nome da sorte. E a sua língua, cada vez que o ex-sem migo resolvia aparecer, impedia-o de pronunciá-la e logo falava: - Já que você ganhou um nome tão lindo, Comigo e com ele trouxe a sorte de ganhar muitos amigos, gostaria de lhe apresentar uma pessoa. Aí vem ele: - Olá, Comigo! Eu sou o Sem mim e vim para ficar com você para sempre . Quando eu não estiver por perto, lembre-se de me chamar pelo meu nome certo que virei correndo. E assim Comigo e Sem mim tornaram-se protagonistas desta história, onde o vilão Sem migo nunca mais foi visto. 
Recentemente ocorreu no MoMA, em Nova Iorque uma performance da artista sérvia Marina Abramovic, onde ela fez muita gente chorar. Apresentou-se por 600 horas ao público sem comer e beber e fazendo as necessidades num pinico instalado dentro da cadeira. Ela ficava sentada em silêncio de frente para uma mesa. Pessoas que conferiram o espetáculo e se sentavam em frente a ela caíam em lágrimas, a ponto de até soluçar. A experiência da artista foi, posteriormente, documentada em seu blog com fotos de alguns espectadores que conferiram a exposição. O que é a arte? Alguns perguntam. Na minha concepção é um dos conceitos mais indefiníveis porém, o que tenho certeza é de que qualquer coisa pode ser considerada arte, desde que passe alguma reação às pessoas, seja de desprezo, seja de contentamento, de espanto ou mesmo de choro e melancolia. Oras, se assim for, então todos nós somos obras de arte? Poderia se dizer que sim, porque sempre alguém vai despertar algo em e para a outra pessoa. O mundo tem aproximadamente 6 bilhões de esculturas ambulantes perambulando por este planeta. O que havia naquela artista que, sentada por tantas horas, dias e semanas arrancou lágrimas e mais lágrimas do público? Provavelmente, cada um relatará a sensação e a impressão que teve e todas elas serão diferentes devido ao repertório de vida que carregamos. No site não há uma explicação de cada pessoa que foi retratada chorando, mas vale a pena conferir no endereço do blog de Marina Abramovic. Vejam: http://marinaabramovicmademecry.tumblr.com/.
